sábado, 20 de março de 2010

Como assim, transferir parte da Biblioteca do ICH???

O conteúdo da informação é o seguinte:

"(...)

Por decisão da administração central, sem consulta ao setor de bibliotecas e
sem qualquer acordo com os cursos e unidades acadêmicas sediadas no prédio
(ISP, FAE e ICH), provavelmente com vistas a uma solução para a falta de
salas de aula (resultado de falta de planejamento), decidiu despejar
IMEDIATAMENTE a biblioteca do CCS, sem tomada de quaisquer procedimentos
próprios a uma das coisas mais delicadas que existem, que é fazer
transferência de acervos. O acervo será PARCIALMENTE transferido para o
galpão em que funcionava o Tholl, espaço absolutamente impróprio nas
condições atuais para sediar uma biblioteca, seja pela poeira, pela umidade
ou pela possibilidade de goteiras sobre o acervo, uma vez que o galpão não
possui teto, apenas telhado. Além das consequências inevitáveis,
indesejáveis e potencialmente catastróficas para o acervo, o mesmo ficará
fragmentado, pois o setor de periódicos ficará onde se encontra hoje (com a
falta de pessoal atual, como atenderão dois espaços?), e, de grande
gravidade, o serviço de biblioteca do CCS ficará fechado por no mínimo 2
meses. E, quando voltar, funcionará de forma absolutamente precária, sem os
avanços mínimos alcançados no local atual (sistema antifurto, câmeras, ar
condicionado, salas de estudo, etc.), graças a projetos elaborados por
nossas raras, heróicas e abnegadas bibliotecárias (façam um exercício de
imaginação, e tentem adivinhar quantas bibliotecárias do quadro a UFPEL
possui para atender seus mais de 13 mil noticiados alunos!).

(...)

Efetivamente, a transferência da biblioteca para um lugar mais adequado, que
pode ser o prédio da frente, com base em um projeto técnico e arquitetônico
qualificado e inteligente, é uma reivindicação antiga de nosso prédio, face
às limitações estruturais do terceiro piso para comportar o peso da
biblioteca. Ao mesmo tempo, o espaço a ser liberado, se devidamente
planejado, com a participação das três unidades, pode ao mesmo tempo ajudar
a resolver tanto problemas de salas de aula quanto problemas resultantes da
falta de espaço para permanência de professores. Todavia, a forma
atropelada, já conhecida de todos, pela qual aquele espaço será readequado,
certamente levará a um resultado insatisfatório, com desperdício de
recursos, pois certamente será mais uma solução temporária.
Precisamos de uma ação já na segunda-feira, sob pena de ao longo da semana a
nossa biblioteca ser despejada.

domingo, 14 de março de 2010

O sábado de Reponte: uma experiência!

O Reponte coincidiu com meus aniversários nos últimos 26 anos. Sempre me presenteou: com a viagem dos meus pais para festejar só com os amigos,com um acampamento divertido nos dias de festival,ou, como ontem,com a devolução das sensações de Liberdade, que há muito não sentia.
Dia 12, sexta-feira comemorei meus 37 anos, com minha família e os amigos mais próximos. Foi um dia de felicidade em pílulas, não teve festa,por assim dizer, mas durante todo o dia estava chegando uma visita carinhosa, um abraço fraterno,celebrando com alegria mais este ano de vida.Minha amiga Carla,aniversaria dia 13 e embora tenha trabalhado toda a madrugada do dia 12 para 13 recebeu os amigos para celebrar seu aniversário na tarde deste sábado, com o carinho e a simplicidade que lhe é comum no convívio.Antes que eu voltasse para casa ela me chamou num cantinho e perguntou com um olhar de quem espera uma afirmativa: "Vais ir ao Reponte?".Logo lhe respondi que gostaria muito,mas dependeria das condições concretas de estar lá,o que dava a dimensão exata e verdadeira do que estava pensando( se o corpo responder bem, se tiver transporte possível, se tiver companhia bem disposta).Ela não demorou dois minutos para circular e retornar com três convites do Reponte ( o olhar dizia algo como "quero te ver lá,divirta-se um pouco").Foi o tempo de chegar em casa, organizar o transporte e preparar quem quisesse ir comigo para começar a bela aventura que foi estar no Reponte na noite de sábado.
Já na chegada o quadro conhecido de quem sofre de qualquer limitração física: uma fila enorme e um quase "vou embora" pedindo p desistir,mas o olhar solidário das pessoas que ali estavam foi imediato:" a senhora não precisa ficar na fila, imagine.fale ali c a mocinha da porta,pode ser que haja um atendimento especial". Falei com a moça que controlava a entrada, sem nenhum muchocho e muito prestativa me disse que eu poderia entrar à parte da fila com meu filho, que me acompanhava.Foi um feliz traço de civilidade que tenho encontrado pouco no mundo desde que passei a ter uma condição física limitada pela hemiplegia do lado esquerdo.Feliz da vida, senti que tinha o direito de estar ali, sentei um pouco, jantei com meu filho e ao ouvir os primeiros movimentos no palco, me dirigi ao espaço onde aconteceria o show de abertura com Sérgio Rojas. As pessoas organizavam suas cadeiras de praia na lateral do galpão, onde encontrei minha vizinha Adriana e suas filhas Luana e Natália que logo providenciaram uma cadeira extra para mim e "circuladas" esporádicas para meu filho adolescente pouco ambientado àquele tipo de programação.Assim que começou o show,conectei absolutamente minha atenção à música do violão de Sérgio e ao ambiente dos violinos que lhe acompanhavam. Era encantador o envolvimento daquele homem com sua música e a qualidade do repertório escolhido, com muito respeito ao público.Diria que percebi um ato de amor naquela seleção de músicas.Com meus acompanhantes cuidando de percorrer todos os espaços do Festival pude me deleitar ( é esta a palavra,sim)com as sensações da música apresentada.Dedicação total,todos os sentidos voltados para o espetáculo e uma atividade de memória que só um ambiente de imersão daqueles pode proporcionar:
- Em espaços como o Reponte sempre fui daquelas pessoas que arriscam uma dança quando a música convoca,mesmo que todos estejam paradinhos em seus lugares,neste ponto, desfrutei como criança de todas as oportunidades que tive de expressar o fruir da música na dança.Sempre foi um exercício livre de mim mesma o dançar o que escutava. Uma relação com a arte mais sagrada e mais pura  que é a música.
- Depois de ter meus movimentos limitados percebi que certas situações, certas melodias me causavam sensações físicas da memória deste exercício,embora não pudesse repetir os movimentos da dança sabia exatamente como eles se processariam e poderia simulá-los mentalmente, com muito prazer, embora não sem dor.Era a esfera de liberdade possível e no show do Sérgio Rojas do Reponte pude dançar nas sensações da minha memória como se dançasse fisicamente. Ouvir Mariposa Technicolor e mentalizar os movimentos agora impossíveis mas conhecidos foi uma sensação inequívoca. Existiu, experimentei,frui como se não houvesse impedimentos. E o melhor de tudo é que meu vestido era de todas as cores e não havia pesos ou tristezas, só magia da música e muito amor no ar daquele espaço de respeito e alegria. Me perdoem os que entendem o sofrimento como razão de vida, mas é assim que deve ser: pela simples alegria de ser!Diferente ou igual,um que vive e tem direito à vida com o que tem de melhor...Para o povo,sim,mas por que não com violinos?Sentadinha numa cadeirinha de praia,mas cercada de amigos e não desesperada com a segurança da bolsa.Limitada fisicamente,mas bailarina, por que não? Não me venham dizer que isto é pouco! Não há condenação,pode haver a sentença de conviver com limitações,mas há plenitude, há felicidade e buscá-la é tudo. Permanência só em Deus, mas o único Deus possível à condição humana é aquele que consigo realizar em mim nos momentos que a ele me dedico.A arte é Deus em mim, o pensamento, o imortal é o que comunico de Deus em mim. Este registro é Deus em mim, porque é imortal na minha multiplicação desta experiência na vida de outros. A vida é mais que exercícios do pequeno poder. A vida é Liberdade,é o amor realizado, estarmos juntos e fruir da música.O resto é morte,tristeza e solidão! Eu escolho a vida!