quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Anotações sobre: O Mal... A Responsabilidade e A Sentença...


Hoje eu vi o mal...ele operou, estragou meu dia,continua de bem com sua consciência e ninguém ficou sabendo. Impus à minha incômoda indignação o meu velho conhecido: Dilema de Hamlet( Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? (...) Quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter sossego com um punhal? (SHAKESPEARE, William. A tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca).). O MAL operaria impunemente na voz de um proprietário de transporte,o Sr Manoel Kruger que resolveu deixar de atender todos os clientes mensalistas por não poder mais suportar a inadimplência dos que mais gastam no serviço e na voz de seu funcionário Hilário Leitzke que comunicou a suspensão imediata de todos os atendimentos inclusive para uma aposentada sem nenhum débito pendente com o serviço: Fernanda Ávila, que mantém atividades de estudo na Universidade Federal de Pelotas e depende totalmente da adequação do transporte para frequentar as aulas.O Mal isentou-se da responsabilidade para com o bem( que seria atender os que dependem do acordo firmado de cobrança mensal e da adequação do serviço para qualquer deslocamento mesmo que suspendessem os atendimentos deste tipo no geral)na máscara do que sofre o prejuízo na qualidade de proprietário.Isenta-se de qualquer compaixão e responsabilidade também na ação do funcionário, resguardado no escudo da subserviência funcional.E novamente o Mal venceria onde se manifesta(na vida real)se eu própria não assumisse a responsabilidade de publicizar e dar conhecimento à minha comunidade do embarreiramento concreto de meu acesso à educação superior como forma de superar a limitação desta minha condição física de vida...Falo,porque a expressão tem a potência de multiplicar a concepção de um mundo orientado por valores justos e humanos,na consolidação de uma prática de vida solidária e realmente democrática.
Sei que a lesão do córtex motor direito é sentença...Deverei conviver com estas limitações advindas daí até que a vida me deixe o corpo.Porém, não vejo porque oferecer status de sentença ao estado de coisas das nossas relações cotidianas.É do melhor interesse de todos os cidadãos e instituições que se supere estas formas da fealdade e da generalização cruel sem consideração dos outros como parte dos processos coletivos de uma comunidade.
 Deveria estar na sala de aula neste momento. Em vez disto, estou postando este depoimento para publicizar a manifestação do Mal e para exortar a responsabilidade de todos os que pretendem aliar algum esforço para não permiti-lo sem a máxima construção racional em sua justificativa.

Nada é impossível de Mudar

"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de

hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem

sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,

de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural

nada deve parecer impossível de mudar." Bertoldt Brecht


Atendo ao compromisso de verificar, refletir e não permitir o Mal,mesmo que ele possa passar a atingir-me direta e violentamente por minha decisão de combatê-lo.Que eu tenha forças e habilidades o suficiente para suportar e continuar lutando. Fernanda Ávila

Um comentário:

  1. Parabéns Fernanda. Faltaste à minha aula, mas estás nos dando uma verdadeira aula de dignidade e cidadania.

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