quarta-feira, 12 de maio de 2010

Deglutindo a volta ao mundo real...

A historinha é clássica: " Era um garotinho sensível,cheio de amor p dar,mas a sociedade falida fez sua cabeça mudar". Acontece que não pode ser assim obrigatório mudar a cabeça por causa da violência do mundo. A mim parece rendição.Não sei em que nível de esquizofrenia isto me inclui,mas eu gosto de gostar da vida de continuar sendo eu, de rir de bobeira, de achar que quem é diferente vale o meu esforço.Enfim, hoje vim escrever porque já degluti por duas noites mais um triste episódio das minhas aventuras no "mundo real".Então: 1º vou marcar posição e dar o contexto do meu olhar - Estive numa espécie de morte voluntária por vários anos por sentir na carne o qto é violento e triste o "mundo entre os homens". Quando me senti assim mais forte para suportar a diferença física e mental que passei a carregar comigo resolvi que meu retorno ao mundo dos vivos seria no curso de Filosofia ( afinal, que mal poderia acontecer por ali? Estaria protegida e poderia contribuir.).Nestes quase quatro anos na UFPel vi de quase tudo,mas tive também muita alegria.Na primeira Assembléia Geral que estive dois dirigentes se chamaram p o soco e nenhum pareceu se incomodar quando exigi autocrítica pública ( só um se apresentou numa folha amarfanhada no canto do mural do curso no dia seguinte). Meses depois o outro protagonista deste triste episódio, então diretor do DA,me abordou no corredor p perguntar se já sabia q estava "passando a gestão pras gurias".Como sou meio xarope com este negócio de democracia, achei que não era bem assim esta coisa de "passar" gestão. Para minha surpresa quando questionado sobre isto o sujeito respondeu: é tradição aqui na Filosofia, nunca tem disputa, quem tá a fim do trabalho fica c o DA.Guardo a surpresa daquela resposta até hoje. Como assim, é da tradição não ter disputa?O que vi na vida real foi justamente o oposto,na Filosofia posição tem de monte, só não há normalmente uma disposição respeitosa ao que tange à participação política.Somos praticamente doutrinados a desprezar a esfera da contingência e identificá-la como uma tarefa para "teóricos menores" como os sociólogos e antropólogos.E ao longo do curso a doutrina adquire o controle social dos colegas que passam a exigir adesão na conduta de todos.Ao mesmo tempo em que as aulas demonstram as limitaçãos das teorias para a práxis quando transformadas em programas de ação nos demonstramos desleixados com a aquisição das habilidades necessárias para nossa melhor intervenção com as ferramentas que nos oferecem.Somos via de regra bons "faladores", mas péssimos "ouvidores". Os quadros dirigentes da Filosofia são algo próximo aos portadores de múltiplas personalidades. Explico: são um que intervém e atua sob o comando da autoridade do professor na sala de aula e outro quando estão numa situação de autogestão com seus iguais.Outro ainda aparece quando a autogestão lhe oferece poder de direção ( que oscila entre o impaciente-desrespeitoso c o outro e o autoritário).Digo tudo isto para ilustrar os eventos da última Assembléia de Estudantes da Filosofia que tive a tristeza de participar, onde a habilidade máxima de condução se deu apenas enquanto não exigiu capacidade de escuta ou respeito mínimo à objetividade de conteúdo oferecida.Me refiro ao fato de constatar o despreparo  da mesa da referida assembléia pela insegurança com que conduzia o processo, impedindo uma questão de encaminhamento que não contava como defesa de posição porque o horário avançava e tinham que garantir as inscrições. Ora...qualquer cursinho básico de condução de reuniões difere questão de encaminhamento e dá-lhe prioridade justamente porque encaminha o processo abreviando-o. Enfim, confio pessoalmente na intencionalidade dos dirigentes que cito,porém não poderia furtar-me deste registro e furtar-lhes destas observações ( que nunca tiveram instância concreta para serem partilhadas e não o seriam em fala de 2 minutos numa assembléia).No jogo democrático, o acordo mínimo é o cumprimento da lei, tendo parte cumprido a lei e outra parte não: garante-se o direito da parte cumpridora e ponto.30 segundos é metade de um minuto, não quer dizer que sua fala de 2 minutos terminou.Quem dirige tem direitos iguais e deveres superiores, acolhe esta realidade quando pede procuração grupal para dirigir,portanto tem por obrigação garantir ambiente de escuta e respeito mesmo ao conteúdo que pessoalmente não lhe seja do agrado.No mais, só posso parabenizar a lucidez da decisão da Assembléia e desejar que mais que a preocupação de me agradar pessoalmente com pedidos de desculpas posteriores nossos dirigentes se preparem para as situações que ainda não conseguem atuar a contento para que possamos de fato construir algo que se aproxime de uma esfera pública democrática no curso de filosofia da UFPel.Ainda penso que esta disposição é um compromisso que assumimos coletivamente, não gostaria de ser convencida do contrário. Obrigada pela escuta e pela consideração que for possível a estas palavras. Abraço Fraterno. Fernanda

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