sexta-feira, 21 de maio de 2010

Relato Trabalho Santo Daime 28 de março de 2009. CEU Trilha de São Francisco Pelotas RS

Nesta concentração,durante a meditação silenciosa estendi minha atenção ao irmão Fred, que sentava à minha frente naquela ocasião.O vi como um negro muito forte e grande, como de fato o era o próprio Fred( embora fosse branco)preso ao chão por algemas grossas e correntes pesadas pelos pés e mãos.Puxava as mãos e os pés sem sucesso, contorcendo-se,expressando estes movimentos inclusive através do corpo físico do próprio Fred. Depois de muito esforço ele se libertou das correntes e ergueu-se como afirmação da sua liberdade. Em seguida sentou-se e foi-se transformando rapidamente em uma mulher negra que, terminada a transformação, sentou-se mais acomodada e de seu entrepernas vez por outra retirava um bebê e embalava carinhosamente chamando de filhinho ou filhinha. Ia os colocando um a um no chão ao seu redor. Eram todos diferentes entre si: brancos,pretos,pardos,nipônicos, gordos e magros, meninos e meninas,mas guardavamalgo entre si que denunciava a irmandade( ou grau de parentersco).Quando já contavam dezenas de bebês, um deles, o último, ela manteve no colo: este parecia um filho biológico do próprio Fred. Tinha suas características hispânicas e era gordinho. Neste momento ao alto e à sua direita apareceu Nsa Sra envolta em um azul brilhante e por sobre uma espécie de nuvem de rosas champagne. As crianças que estavam ao chão pareciam imantadas por aquela figura e passaram a circundar seus pés, junto às rosas. Enquanto o último bebê permanecia no colo da mãe negra que lhe acarinhava.À frente e à esquerda da mulher,não tão ao alto,mas acima dela,apareceu Mestre Irineu que se postava em evidente reverência à Nsa Sra, recebendo dela palavras que lhe mandava (e eu não consegui identificar). Ao mesmo tempo que a Soberana mandava palavras a ele, à ela mostrava cores e luzes. Neste interim eu observava de fora do quadro. Após a sessão, todos nos abraçamos, como de costume no CEU e Fred veio logo me agradecer a companhia no trabalho.Na ceia posterior todos comentavam da opção de pernoitar no local e eu, que havia casado há 2 dias, pedi que alguém me levasse p casa ainda naquela noite: pedido que Fred atendeu prontamente dizendo que mal podia esperar chegar em casa com os pais.No caminho íamos falando justamente da sua vontade de abraçar os pais e dizer que os amava pq agora sabia o que era ter um filho. Só não sabia qual seria a reação deles ao serem acordados de madrugada para estas declarações. Eu comentava com ele que seria uma grande alegria para mim um dia ser acordada pelo meu filho no meio da madrugada e ouvi-lo dizer que me ama. O encoragei a fazer o que planejava pq acreditava que eles se sensibilizariam com a intensidade de tudo que ele me contava. Disse ainda que o abraço do filho é insubstituível e tudo o que uma mãe espera é poder tê-lo completamente dedicado a um carinho destes,mesmo que às 4 da manhã, depois de uma sessão do Santo Daime. Rezei intimamente durante a nossa conversa para que eu e meu filho tivéssemos tempo para um evento como o que Fred me narrava e desejei não morrer antes que o Tom pudesse me dizer com aquela convicção que me ama. Senti sinceramente que seu abraço é insubstituível e o quis por perto.
Nas sessões subsequentes Fred estava presente sempre com a alegria que lhe era peculiar. E era no ambiente da CEU Trilha de São Francisco que nos víamos e compartilávamos os planos de fardamento na Santa Doutrina.
Fred faleceu dia 1º de julho, embora tenha providenciado o fardamento para a celebração de São Pedro, não alcançou a data com saúde para realizá-lo.Eu continuo ligada ao caminho que havíamos traçado no Santo Daime,embora impedida de estar fisicamente com a assiduidade merecida nas sessões regulares.

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